Zodiac
Fiquei muito impressionado com Zodiac, o novo thriller de David Fincher. Em uma coletiva, Fincher disse que, depois de Seven - Os Sete Crimes Capitais, havia pedido a seu agente que não lhe encaminhasse nenhum roteiro sobre serial killers. Não queria ficar rotulado, mas o cara insistiu que ele lesse o de Zodiac, sobre o assassino em série que aterrizou San Francisco por volta de 1970 (e inspirou o primeiro Dirty Harry, de Don Siegel, com Clint Eastwood - chamou-se, no Brasil, Perseguidor Implacável).
O roteirista James Vanderbilt disse que se interessou pelos livros de Robert Graysmith - Zodiac e Zodiac Unmasked - porque mostram a caçada de um serial killer por um cartunista. Com base no material que ele escreveu, David Fincher fez um filme muito complexo. Num certo sentido, é o anti-Seven. E é um filme inconclusivo, porque o caso nunca foi resolvido e o suspeito que Fincher e Vanderbilt apresentam não pôde nem ser indiciado (vejam o filme para saber por que). O mais fascinante, para mim, pelo menos, foi o estilo semidocumentário, distante de suas experimentações formais nos filmes anteriores, que Fincher parece (eu acho) ter absorvido de O Homem Quer Odiava as Mulheres, outro filme de serial killer, de Richard Fleischer, do fim dos anos 60, sobre o estrangulador de Boston. O que mais me tocou, e provocou mal-estar, foram ver todos aqueles caras (policiais e jornalistas) destruindo suas vidas, de tão obcecados que ficaram com o assassino do Zodíaco. Não sei o porque mas assistindo Zodíaco me lembrei diversas vezes de Memórias de um Assassino, de Joon-ho Bong, claro que Memórias é mais político,mas Zodíaco ficou bem melhor.
Contido, Fincher se solta mais com notícias de jornais e letrinhas espalhadas pela tela e pelo cenário. Uma tomada da ponte de São Francisco resgata seu olhar forte, mas o que marca e vinga são seqüências de extremo apreço na montagem e na fotografia. Cena localizada num porão defende bem essa noção que Fincher tem do incômodo humano.
Outra coisa boa de notar é o interesse de Fincher pelo próprio Cinema, e de como este pode moldar outros e a si mesmo. “Zodíaco”, o assassino, usa uma daquelas marcas da clássica contagem regressiva dos rolos de filme como uma espécie de assinatura (“Lembra a mira de uma arma”, observa Downey Jr. à primeira vista), e mais tarde seremos informados do filme que o inspirou e também sua antiga profissão, relacionada não ao Cinema, mas ao cinema.
Há uma grande mistura aqui, embora pendendo para a simplicidade. É desses que merece ser revisto.
Cuspido por ... Raphael e informações adicionais Imdb
4 comentários:
O elenco também é "o bicho".
E verdade ... esqueci de comentar ...
legal teu blog, e o texto eh bem interessante :D
Opa parabens pelo Blog primeira vez e entro no seu blog, manda noticias
abraços
Spok
Meu blog > http://spokcortez.blogspot.com/
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